Recentemente, Clara Ferreira Alves numa crónica que escreveu sobre “o maior fracasso da democracia portuguesa”, define numa frase em que estou, na sua generalidade, em concordância: “desde os Templários e as Obras de Santa Engrácia, que se sabe que, nada acaba em Portugal, nada é levada às últimas consequências, nada é definitivo e tudo é improvisado, temporário, desenrascado.”
Ora esta “cruel” observação/análise que retrata uma parte menos boa da nossa realidade, transpondo para as nossas empresas no contexto da execução dos seus Produtos/Serviços, levanta-nos a seguinte questão: “Gestão de Projectos nas Organizações: Uma Necessidade ou Uma Mera Opção”?
Dificilmente se consegue abordar esta questão sem se associar duas linhas de enquadramento:
- os resultados face ao investimento que a Organização fez na produção do seu novo/reformulação Produto/Serviço;
- a maturidade da Organização, isto é, se possui uma metodologia de Gestão de Projectos implementada na empresa e qual o seu grau de evolução (mede-se pela consistência de sucessos que obtém com a sua utilização).
Na primeira abordagem, mesmo num potencial “caos algo organizado” em que se consegue resultados positivos, mesmo nesta situação, poder-se-á fazer “mais com menos”, com a implementação de uma metodologia de Gestão de Projectos que utilize os processos correctos, use as ferramentas adequadas e com os recursos certos.
Na segunda abordagem a empresa, por vontade própria de obter melhores resultados, sente a necessidade de um enquadramento estruturado dos seus processos de produção do novo/reformulação Produto/Serviço (metodologia de Gestão Projectos) e vai, passo a passo, crescendo no sentido da aceitação e implementação por todos (Cultura Organizacional) de um modelo formal e estruturado que sirva como padrão a seguir. Quanto mais proficiente é o modelo adoptado e cumprido por todos, mais madura é a Organização neste contexto, isto é, está-se perante Organizações que são orientadas a Projectos de uma forma estruturada.
No entanto o exposto não é tão “linear” como se pressupõe na sua aceitação e implementação. A famosa e latente “Resistência à Mudança”, inerente a todas sociedades e Organizações, vai “no entretanto”, até a empresa atingir alguma maturidade no que respeita à metodologia de Gestão de Projectos, “produzir pelo meio” alguns modelos híbridos, isto é, “curiosos persistentes” que vão no seu sector de actividade usando alguma metodologia, mas sem estar formalizada oficialmente.
A estandardização, sobretudo dos processos que o PMBOK ou a ISO 21500 (NP ISO 21500) apresentam, tem tido a virtude de atrair/trazer as Organizações para Modelos Estruturados e Formalizados dentro das empresas, pois, cada vez mais, é reconhecida, sobretudo pela Gestão de Topo, como uma necessidade de utilização destes padrões para uma melhor proficiência e melhores resultados.
Ora, perante a questão colocada, é minha opinião, que a metodologia (formalizada) de Gestão de Projectos é, cada vez mais, uma “necessidade” e menos uma mera “opção”.
João Marques
Licenciatura em Informática de Gestão e Mestrado em Gestão de Sistemas de Informação.
Professor Universitário, consultor e formador.
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