Como atrair (seduzir) talentos?

Pode parecer paradoxal falar-se da necessidade de atrair ou mesmo de seduzir talentos numa conjuntura em que a taxa de desemprego é elevada. Com efeito, se é facilmente percetível a falta de talentos em determinadas áreas, nomeadamente nas relacionadas com as novas tecnologias, já no que se refere à maioria das profissões pode haver a ilusão de um excesso de oferta.

No entanto, um recente estudo nacional (HR-Survey-2016) realizado pela Stanton Chase junto de profissionais de Recursos Humanos dava conta das seguintes conclusões relativas às principais dificuldades na gestão de pessoas: a criação duma cultura de negócio (48%), o alinhamento das pessoas com os objetivos organizacionais (48%) e a atração de talentos (40%). Por outro lado, os principais desafios que estes profissionais pensam vir a enfrentar no futuro são os novos modelos de trabalho (63%), a gestão de diferentes gerações (44%) e a escassez de talentos (38%).

Na verdade, os talentos representam um valor estratégico na diferenciação, valorização e, até, sobrevivência das empresas, pelo que a luta pelos melhores obriga à sofisticação das estratégias de atração e a uma sintonia entre a gestão das pessoas e o marketing.

Na frente interna relevam-se as seguintes ações estruturantes conducentes à atração de talentos:

  • Clarificação dos perfis desejáveis tendo em conta nomeadamente a estrutura, cultura e valores organizacionais, as competências necessárias à concretização do negócio e ao seu desenvolvimento estratégico e o posicionamento da empresa no seu ramo de atividade.
  • Construção da “marca de empregador” (employer branding) que, suportada numa diferenciação positiva ao nível dos sistemas de compensações, do estilo de liderança, dos projetos desafiantes, das possibilidades de desenvolvimento profissional e do clima organizacional, identifique a empresa como excelente lugar para trabalhar na ótica dos atuais e potenciais colaboradores.
  • Elaboração de uma “proposta de valor de empregador” (employer value proposition) que, sustentada no ADN da “marca de empregador”, expresse uma imagem atrativa e diferenciadora da empresa no mercado de trabalho.

Para que estas ações se tornem eficazes, terão de ser complementadas com intervenções na vertente externa de modo a que possam ser conhecidas no mercado de trabalho pois, numa ótica de marketing, “o que não se vê não existe”.

Sugerem-se, assim, algumas estratégias de comunicação que tornem visível a “marca de empregador” e respetiva proposta de valor, escolhidas em função dos alvos a atingir:

  • Participar em eventos de emprego (Jobshops) e abrir as portas da empresa (Open day) a potenciais futuros colaboradores.
  • Marcar presença assídua nos social media em geral e nas redes sociais em particular não só para dar a conhecer a sua “proposta de valor de empregador” mas também para pesquisar talentos que não estão disponíveis no mercado de trabalho.
  • Estabelecer protocolos com escolas e universidades que possibilitem a partilha e divulgação das suas práticas e necessidades, o envolvimento dos alunos em projetos de interesse recíproco ou a realização de estágios.
  • Candidatar-se a prémios de boas práticas de gestão (melhor empresa para trabalhar, melhor comunicação interna, excelência no trabalho…) e/ou participar em ações de responsabilidade social, cujos efeitos se repercutirão no engagement dos colaboradores e no reforço interno e externo da “marca de empregador”.
  • Cultivar o networking. Identificar e manter a ligação com profissionais cujo perfil possa vir a interessar à empresa, através dos múltiplos eventos que reúnem profissionais de áreas específicas, seguindo a sua “pegada digital” nomeadamente nos social media, convidando-os para eventos na empresa, etc.

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Adelino Cardoso

Doutor em Ciências Empresariais, Mestre em Gestão de Marketing e Licenciado em Psicologia, é Consultor, Formador e Professor do Ensino Superior.

É autor dos livros: Atração, Seleção e Integração de Talentos; Recrutamento & Seleção de Pessoal; O Comportamento do Consumidor – Porque é que os consumidores compram; e À Conquista do Emprego, publicados pela Editora LIDEL.

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