Nos palcos de debate e reflexão sobre o futuro e sustentabilidade das empresas e organizações públicas, continuamos a assistir a um movimento de entusiasmo com a promoção e transição para novos paradigmas de negócio – a inovação pela transformação digital.
É facto inquestionável que a acessibilidade comunicacional proporcionada pela expansão tecnológica e geográfica das tecnologias móveis acompanhada pela “cloud computing” veio alterar o modus operandi dos consumidores, os processos das empresas e os modos de relação com os colaboradores, com a exigência de investimentos adicionais em tecnologias de informação.
Uma estratégia de transformação digital dos negócios constitui um desafio para a aceleração das actividades, reformulação de processos, sistemas de análise de dados (“Big Data“) e competências ao encontro de novos comportamentos e exigências do consumidor, que procura explorar o máximo da tecnologia nas suas mãos. Na caracterização do perfil dos novos consumidores vamos encontrar a expectativa de um serviço de conveniência, simples, rápido, eficaz, económico e que, além de permitir uma variedade de opções e interacções, proporcione um aditivo de experiência emocional e afectiva. Nesta relação, o consumidor encontra a satisfação e superação das suas necessidades, mas sobretudo um ganho num recurso escasso e fundamental para si – o tempo.
A transformação digital como perspectiva de inovação de valor e mudança disruptiva em que se procura um posicionamento de superação face à concorrência e adaptação a um mercado reconfigurado, encontra nos fundamentos da estratégia do “Oceano Azul” (dos autores W. Chan Kim e Renée Mauborgne), um paradigma que a complementa e reforça os desafios para a necessária reinvenção nos negócios da empresa e na sua relação com os clientes.
Na estratégia do “Oceano Azul” sugere-se que a empresa se desloque do seu mercado tradicional e concorrência, em que o crescimento de quota e lucros já estão comprometidos, para desenvolver um novo modelo de negócios dirigido à atracção de novos clientes com serviços ou produtos de valor reconhecido. Este movimento de diferenciação e valor, pode ser o resultado de uma transformação digital. Os exemplos recentes das plataformas digitais da Uber ou Airbnb, representam ideias disruptivas com sucesso que transformaram as indústrias em que actuam e criaram os seus espaços de “oceano azul”.
Acompanhar as tendências para a transformação digital pode resultar em importantes recompensas, mas tem de se atender ao reforço de mecanismos para garantia da segurança e protecção de dados que garantam a fiabilidade e confiança deste novo modelo de fazer negócios. Mais, a transformação digital é também uma mudança cultural e de pessoas que necessitam de especialização e formação nos domínios das tecnologias e gestão das novas plataformas e ferramentas de comunicação e interacção com o mercado
José Bessa Mendes
Economista
Formador e Consultor em Estratégia e Gestão
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