HUMANOS AO PREÇO DA CHUVA

 

 

Arranjei dois humanos para me ajudarem nas principais tarefas de gestão. Esta poderia, tranquilamente, ser uma frase épica de um qualquer filme de Spielberg. No entanto, não sendo a fala de um qualquer filme, é praticamente a realidade do Henn na Hotel, (http://www.h-n-h.jp/en/) situado no Huis Tem Bosch, um parque temático em Sasebo (Nagasaki, Japão), que apresenta a primeira unidade hoteleira do mundo cujo staff é composto por máquinas em vez de humanos. O Henn na Hotel está aberto desde julho de 2016 e, para recriar a paisagem da Holanda, exibe cópias em tamanho real de antigos edifícios do país.

Quando sabemos que a experiência vivida se torna fundamental para a motivação do turista, podemos considerar que o facto do mesmo ir encontrar uma oferta em que os serviços prestados são fundamentalmente realizados por robôs, se pode tornar um dos elementos chave para a escolha do recurso turístico de determinado destino. Constatamos esta teoria através de Bigne e Sanchez (2001) e Bigne (2005) quando referem que um destino não se define apenas como um conjunto de facilidades e serviços disponíveis para o turista, mas também através da sua experiência no destino.

Desde há muito que, no setor do turismo, o crescendo da oferta obrigou a que se investisse cada vez mais em criatividade. De acordo com Cooper et al (1998) era imperiosa a criação de produtos que garantissem a satisfação e os desejos dos turistas, proporcionando que os mesmos construíssem uma imagem forte e consistente do destino, garantindo a atração de novos turistas. Em suma, o consumidor mudou e a oferta terá, necessariamente, que se adequar.

Neste sentido, não nos parece descabido referir que os consumidores reclamam novas experiências e que as mesmas passam por um conjunto de serviços promovidos por robôs. O Henn na Hotel, uma unidade hoteleira low cost, garante, de acordo com o seu site, uma estadia confortável através de um design moderno e descontraído.

Com dez empregados humanos em que o objetivo é apenas dar apoio e assistência aos humanoides pretende-se ter mais de 90% dos serviços do hotel realizados por robôs que garantem a receção, os serviços de mesa e a limpeza de quartos.

Na receção, três máquinas garantem as boas vindas e ajudam a realizar o check-in e/ou check-out, bem como a resposta a qualquer pedido de informação.

Para elevar mais a fasquia e garantir um serviço condigno há ainda dois porteiros que ajudam ao transporte das malas até ao quarto. Caso necessário, obviamente operado por um robô, está também disponível um serviço de bengaleiro, com 30 cacifos.

Os serviços não param de surpreender, por esse facto seria enfadonho continuar. A transformação digital há muito que veio para ficar, independentemente da área de atividade, garantindo um conjunto alargado de bens e serviços inteligentes. A estratégias de marketing das organizações, independentemente de quais sejam, terão de se renovar e reinventar na procura de uma incessante satisfação do cliente.

Albert Einstein dizia que “Os computadores são incrivelmente rápidos, precisos e burros; os homens são incrivelmente lentos, imprecisos e brilhantes; juntos, seus poderes ultrapassam os limites da imaginação” parece-nos que a grande questão é se na atualidade os computadores deixaram de ser burros e se uma nova era não estará já em desenvolvimento, quiçá de forma demasiado rápida?

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Pedro A. trindade

Docente Universitário, formador e consultor de comunicação e marketing

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